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APCC loves culture, ou a crónica do ‘regresso’ em grande do programa APCCCultura

Nada do que é feito no âmbito do APCCCultura pode ser descrito como ‘normal’, desde logo porque o seu enfoque está em questionar tudo. Mas, por paradoxal que possa parecer, o mais relevante deste programa – através do qual os utentes da APCC têm a oportunidade de conhecer mais do mundo e nele participar ativamente, nomeadamente nas vertentes artística, cultural e de lazer – é que ele permite a maior das normalizações, ajudando a desconstruir a imagem da deficiência, tanto em termos sociais, como da própria consciência de si mesmos por parte dos envolvidos.

Um bom exemplo disto mesmo, que é simultaneamente um sinal dos objetivos que o programa pretende atingir durante os próximos meses, foi a primeira iniciativa realizada no corrente ano, com um grupo de utentes a deslocar-se a Águeda para assistir a “Romeo Loves Juliet”. Nesta peça, em que o Crinabel Teatro trabalha “Romeu e Julieta”, são os atores daquele grupo (todos pessoas com trissomia 21) e as suas motivações pessoais e artísticas a determinar a reescrita do clássico de Shakespear.

Este tipo de desafio à norma é também o fio condutor do trabalho que aqueles utentes e outros têm vindo a realizar no Departamento de Expressão Plástica da APCC, com o conceito de identidade – individual e artística – a surgir como ponto de partida para o trabalho a desenvolver em 2020/2021, mas também como resultado de um percurso, ou percursos, com marcas de crescimento a vários níveis. A peça em causa foi também, por tudo isto, inspiração e motivação para o(s) próximo(s) projeto(s).

“Romeo Loves Juliet”, que foi à cena no Centro de Artes de Águeda no passado dia 15 de fevereiro, tem encenação e direção de Marco Paiva, a partir de um texto de Cláudia Lucas Chéu. É a segunda peça da trilogia “Poder, Amor e Fim”, em que são apresentadas releituras dos textos “Tito Andrónico”, “Romeu e Julieta” e “Rei Lear”, de William Shakespear.

O programa APCCCultura pretende promover o direito de acesso à cultura e ao lazer, mas também uma consciencialização sobre as ideias de igualdade e dignidade, aspirando contribuir para a construção de uma estrutura de conhecimento por parte dos utentes envolvidos que tenha em conta as áreas de interesse de cada um deles. O objetivo genérico é o de aumentar a qualidade de vida dos participantes, mudando nesse processo o paradigma vigente sobre a participação da pessoa com deficiência.

O desenvolvimento de atividades ligadas à arte é uma parte fundamental da ação da APCC enquanto promotora da inclusão social. No Departamento de Expressão Plástica, em particular, coloca-se em prática uma visão da arte não como uma “fábrica de artistas”, mas antes como um veículo para despertar a criatividade e a imaginação. Pode saber mais em www.apc-coimbra.org.pt/?page_id=528.