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Parceiros do projeto europeu “Change 2 Regard” estiveram uma semana em Portugal a conhecer e debater formas de inclusão social

Foram cinco dias, entre Coimbra e o Porto, com atividades diversificadas, mas todas com a inclusão como mote. Cerca de duas dezenas de técnicos desta área e pessoas com deficiência de Bélgica e França estiveram na passada semana em Portugal, no âmbito do projeto europeu “Change 2 Regard”, de que a APCC é parceira e que pretende abordar a questão da inclusão social no acesso à prática musical, mas também na formação ou no vínculo social.

Depois de dois dias dedicados a reuniões de trabalho e a um ateliê na área da percussão, o programa do terceiro dia incluiu dois momentos de particular relevância, realizados no Conservatório de Música de Coimbra, que juntaram músicos, estudantes, técnicos e políticos de Portugal e França.

O primeiro foi a apresentação pública de “Pontes Sonoras”, uma peça audiovisual sobre a gestão emocional em tempos de pandemia criada conjuntamente, no âmbito do projeto referido, pelos 5ª Punkada (o grupo pop/rock da APCC) e os alunos do Curso Profissional de Instrumentista de Jazz – que interpretaram ao vivo a respetiva banda sonora – e que contou também com a colaboração de alunos do curso de Artes Visuais da Escola Básica e Secundária da Quinta das Flores e do curso de Dança da Escola Artística do Conservatório.

A ocasião serviu ainda para a apresentação de alguns dos temas musicais criados em parceria pelo cantor e compositor francês Dominique A e membros da companhia teatral Le Cercle Karré, também como parte das atividades do projeto “Change 2 Regard”. Tratou-se de uma versão mais curta de um espetáculo, denominado “Nous sommes des voix sans bouches” (“Somos vozes sem bocas”, em tradução literal), que subiu ao palco em Nantes há cerca de meio ano.

Seguiu-se um interessante debate dedicado ao tema “O acesso à cultura e as práticas culturais – em torno da autonomia das pessoas com deficiência”, que juntou diferentes perspetivas e abordagens e permitiu uma importante troca de visões e opiniões entre oradores e assistência.

Assim, com a moderação de José Lopes (membro da Direção da APCC), foi possível escutar, num primeiro painel, o antropólogo especializado na área da deficiência Patrick Fougeyrollas – que abordou o Modelo de Desenvolvimento Humano e o Processo de Produção do Handicap, um modelo conceptual dirigido às pessoas com deficiência, focado na capacitação ou compensação de deficiências através de dispositivos de reabilitação e assistência, mas também da redução de barreiras no ambiente – e Ana Paula Alves, da Agência Nacional Erasmus+ – que falou sobre a importância do programa Erasmus para a inclusão. Um segundo painel foi dedicado em particular ao papel do poder local no processo de inclusão (tendo contado com a participação de Ana Cortez Vaz, vereadora da Ação Social, Educação e Desenvolvimento Social na Câmara Municipal de Coimbra, Christian Tallio, conselheiro municipal para a Cidadania na Câmara Municipal de Saint Herblain, Paul Geadas, responsável pelos Serviços ao Cidadão do mesmo município e Valérie Lieppe de Cayeux, vereadora da Cultura na Câmara Municipal de Saint Aignan de Grand Lieux), tendo ainda sido aberto espaço para abordar o Movimento de Apoio à Vida Independente (através da participação de Fernanda Maurício, diretora técnica do CAVI – Centro de Apoio à Vida Independente da APCC) e o próprio projeto “Change 2 Regard” (por Olivier Raballand, responsável de projetos europeus no Collectif T’Cap).

Os restantes dias desta mobilidade foram depois dedicados a visitas à empresa Critical Software (com quem a APCC tem vindo a desenvolver diferentes ações nos últimos anos), onde foram dados a conhecer vários projetos em diversas áreas ligadas à acessibilidade e à participação, e à Casa da Música, no Porto, onde foi possível saber mais sobre as práticas do Serviço Educativo ou conhecer – e experimentar – a Digitópia ou o Sonorium.

O projeto “Change 2 Regard – Place des personnes en situation de handicap: un projet sociétal” irá prosseguir até meados do próximo ano, estando entre as ações previstas a produção de um manual de boas práticas sobre música, tecnologia e acessibilidade. São parceiros neste projeto a APCC, a Nos Pilifs (Bélgica) e o Collectif T’Cap (França), existindo ainda sete parceiros associados, como é o caso, em Portugal, do Conservatório de Música de Coimbra e da Casa da Música. Trata-se de uma iniciativa cofinanciada pelo programa Erasmus+.

É um dos vários projetos desenvolvidos na APCC com apoio deste programa europeu, como é o caso também do “RunFree: RaceRunning – Speed and Freedom for All”, do “SIM – Social Inclusion Marketing” ou do “Moonwalk – empoweing young people living with disabilities”. Pode saber mais sobre projetos, em curso ou já concluídos, em www.apc-coimbra.org.pt/?cat=8.