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Ateliê ajudou a desenhar novos caminhos para o projeto “Cru – O Corpo (im)Perfeito”

Deixaram-se guiar e guiaram através dos sentidos: a visão, o tato, o olfato, a audição (porque é importante escutar – e respeitar – o silêncio). Permitiram-se deixar o corpo, o seu e o dos outros, descobrir e definir os seus caminhos. Uniram-se na entrega e na generosidade com que encontraram novas formas para uma reflexão que, no projeto “Cru – O Corpo (im)Perfeito”, vêm fazendo há vários meses: o que é belo e o que é feio e como podemos, se é que podemos, determiná-lo?

O Carlos Alves, o Diogo Sacramento, a Luísa Fernandes, o Nelson Pires, a Regina Cardoso, o Ricardo Monteiro e o Vasco Sequeira – parte do grupo de utentes do Departamento de Expressão Plástica da APCC que tem vindo a desenvolver aquele projeto – estiveram ontem no Porto para participar, com a professora Suzete Azevedo e a auxiliar Sara Santos, no ateliê “O corpo , os outros e nós mesmos”, partilhando o palco com o grupo Era Uma Vez… Teatro, da Associação do Porto de Paralisia Cerebral, e a sua diretora artística, Mónica Cunha.

Foi um espaço para (aprender a) usar o corpo como lápis, desenhando interrogações com a mesma entrega e coragem com que criaram mais de 300 desenhos e questionaram, nesse processo, a própria imagem individual e social da forma humana. Foi um momento para sair do modo habitual de fazer e refletir sobre a importância de comunicar com o outro. Foi ainda um ponto de partida para nova etapa do projeto, tendo sempre como base a construção de produtos artísticos.

Com este ateliê, e com a escolha do grupo Era Uma Vez… Teatro para parceiro (dada a sua grande experiência e qualidade enquanto coletivo inclusivo focado nas capacidades artísticas), pretendeu-se desafiar as perceções dos intervenientes sobre o conceito de arte e alargar o campo de criação quanto ao seu próprio corpo, utilizando-o como elemento gerador de novos sentidos.

E assim, além de uma exposição de desenhos e pinturas que irá viajar por Porto, Lisboa, Coimbra e não só – mais novidades em breve – haverá também lugar à apresentação pública de uma performance combinando elementos do teatro, das artes visuais e da música. Os objetivos serão permitir uma ligação subjetiva entre público e artista e construir diferentes imagens do corpo, utilizando-o como instrumento de comunicação que se apropria dos objetos, espaços e tempo ao redor.

O projeto “Cru – O Corpo (im)Perfeito” pretende contribuir para a descoberta de novas perceções da dicotomia belo/feio, alterar a imagem social da pessoa com deficiência e alterar comportamentos para a aceitação do corpo diferente. É coordenado pela responsável do Departamento de Expressão Plástica da APCC, Suzete Azevedo, e cofinanciado pelo Programa Nacional de Financiamento a Projetos 2019 do INR – Instituto Nacional para a Reabilitação.

O Departamento de Expressão Plástica da APCC tem os seus objetivos alicerçados numa visão da arte não como uma “fábrica de artistas”, mas antes como um veículo para despertar a criatividade e a imaginação, dessa forma capaz de desenvolver competências e de potenciar o domínio sensorial e cognitivo. Pode saber mais em www.apc-coimbra.org.pt/?page_id=528.