«Quando vejo uma obra de arte, algo acontece no meu coração». A frase que foi mote para “Algo acontece”, o mais recente espetáculo do grupo de teatro Sala T (estreado há cerca de um ano), tornou-se agora numa possível descrição factual para o que foi experimentado pelos elementos daquele coletivo da APCC, que ontem visitaram a exposição “Do lado mais visível das imagens”, patente no Centro de Arte Contemporânea de Coimbra.
Ao poderem observar as obras em causa, aqueles utentes da Associação aprofundaram o trabalho realizado na preparação para a peça referida, em que tentaram descobrir e ajudar a que o público descobrisse o que acontece quando vemos uma obra de arte. Um exercício particularmente desafiante perante uma exposição apresentada como reunindo um conjunto de imagens «para as quais dificilmente encontramos palavras e que dificultam o encontro com o caminho certo».
Além deste questionamento e da ‘viagem’ em si por movimentos artísticos como o suprematismo, o abstracionismo ou o minimalismo, os membros do Sala T realizaram ainda uma atividade prática, desenhando à vista uma obra de José Bechara. E, empunhando canetas de acetato azul, deixaram em papel brilhante a sua reinterpretação, já naturalmente acrescentada dos acontecimentos entretanto passados nos corações de cada um.
A exposição “Do lado mais visível das imagens” pode ser vista até ao dia 23 de junho, reunindo obras que são apresentadas como vindo de um lugar onde a imagem original foi banida, afirmando o seu desassombro e exigindo do visitante a generosidade de um olhar límpido e acolhedor. Com curadoria de José Maçãs de Carvalho e Daniel Madeira, reúne trabalhos de Ana Cardoso, Andy Denzler, Diogo Pimentão, Fernando Calhau, João Louro, José Bechara, José Pedro Croft, Joaquim Bravo, Lygia Pape, Marisa Ferreira, Nuno Sousa Vieira, Pedro Cabrita Reis, Pedro Tudela, Rafael Canogar, Robert Barry e Sandra Baía.
O espetáculo “Algo acontece” representou um olhar inventivo por momentos distintos da história da arte, que o grupo Sala T (coordenado pela professora de teatro Mariana Nunes) lançou como forma de celebrar essa manifestação da criatividade humana. Foi apresentado na Sala do Teatro da Quinta da Conraria, a públicos internos e externos, em 2023.
O Sala T existe autonomamente desde 2012, tendo já criado também os espetáculos “Manual de Instruções”, “Metamorfose”, “RIMROD”, “Estranha História em Círculo” e “Mim”. Tem vindo ainda a desenvolver vários projetos na comunidade, nomeadamente com escolas de diferentes graus de ensino, no campo da arte dramática. É um dos dois grupos de teatro atualmente em atividade na APCC.
A área artística constitui uma parte importante da ação da APCC enquanto promotora da inclusão e da participação social das pessoas com deficiência. Além do teatro, são desenvolvidas ainda atividades nos campos da expressão plástica e música. Pode saber mais em www.apc-coimbra.org.pt/?page_id=247.